Um jovem de Mairinque, cidade do interior de São Paulo, chamado Kauan Felipe Rocha Roque, foi eliminado do sistema de cotas da UFRJ, Universidade Federal do Rio de Janeiro, por não ”ser considerado pardo”, segundo a instituição de ensino.
Segundo Kauan, em entrevista ao Portal G1 Sorocaba, ele prestou o ENEM no ano passado e por meio do SISU, conseguiu a vaga em 4 universidades diferentes, onde optou pela UFRJ, que tinha um sistema de cotas raciais.
Bastante confiante de que entraria na universidade, ele viajou até o RJ para fazer o exame de heteroidentificação, que é um processo necessário onde os estudantes devem comprovar via documentos a sua cor de pele, para terem direito às cotas raciais.
No entanto, para a sua estranheza, já que ele é pardo, no dia 01 de março, a UFRJ o informou que ele estava eliminado por ”não ser considerado pardo” de acordo com a banca da universidade.
Para piorar, esta reprovação no exame também o impediu de entrar em outras universidades onde ele já estava aprovado, pois o documento gerado pela UFRJ possui autenticação do MEC e vale também para outras instituições de ensino que possuem o sistema de cotas.
Sobretudo, ele e sua família estão revoltados com a UFRJ e decidiram processar ela na Justiça, para que ela reconheça o erro e o aceite na universidade.
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O que diz a UFRJ?
Em nota, a UFRJ se defendeu, alegando que Kauan foi rigorosamente avaliado com base em suas característics fenotípicas, que comprovam com ”100% de certeza” que o jovem mairinquense não é pardo.
Além disso, ela informou que não pretende muidar de ideia e que se for judicializado o caso, irá recorrer.
Como funciona o sistema de cotas raciais?
Primeiramente, para quem não conhece, o sistem de cotas raciais não é obrigatório para todas as universidades e faculdades do Brasil, mas vem sendo adotado como uma forma de combater a desigualdade racial entre os estudantes brasileiros, principalmente os negros e pardos.
No entanto, para evitar fraudes no sistema de cotas, as faculdades realizam um exame de heteroidentificação, onde o estudante vai até a faculdade escolhida e passa por uma avaliação rigorosa de uma banca composta por 3 ou 5 pessoas.
Todavia, o que torna o sistema de cotas polêmico e passível de erros é que ele não analisa a hereditariedade da pessoa, mas sim o seu fenótipo, ou seja suas características físicas. ,
Sendo assim, isso abre uma brecha para que pessoas mesmo que sejam visívelmente negras ou pardas sejam eliminadas do sistema, porque ”supostamente” não são compatíveis com pessoas que sofrem discriminação de cor.
Inclusive, muitos especialistas em Educação não possuem uma opinião formada sobre se é justo ou não dar o benefício apenas observando a cor do cabelo ou o status social do candidato, pois apesar da avaliação ser 100% subjetiva e confusa até mesmo de se entender, ela é eficaz em evitar fraudes.
Aliás, Kauan não é o único a ser alvo deste incidente, pois somente neste ano, centenas de jovens que físicamente são pardos ou negros foram eliminados do sistema de cotas de diversas universidades brasileiras por conta deste exame.
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Gabriel Kazuo Sato se formou em Jornalismo pela ESAMC em 2017 e mesmo sendo portador de deficiência auditiva, visual e facial, nunca deixou que isto atrapalhasse sua dedicação e empenho nas tarefas. Já produziu inúmeras pautas de Esportes, Famosos, Cidades, conteúdo Evergreen, Politica e Saúde. Na faculdade, trabalhou na Agência Bagagem como estagiário no setor de Redação Publicitária.