Em um estado como São Paulo, com 645 municípios e mais de 12 milhões de habitantes, é fácil entender que cada região possui características e, principalmente, necessidades específicas. O desafio é identificar as demandas e realizar ações para reduzir os impactos negativos, uma missão que se torna possível com a ajuda de profissionais qualificados e a participação da sociedade. Conhecer um estado populoso como esse é perceber que muitas questões se repetem e que devemos agir em parceria com os órgãos públicos, as profissões e os cidadãos. Foi com esse pensamento que o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP) realizou os Fóruns de Políticas Públicas, uma iniciativa itinerante que conectou os gestores públicos à área tecnológica para debater e mapear as melhores soluções técnicas para sanar as dificuldades que cada região vivencia.
O itinerário teve início em Taubaté com um debate sobre mobilidade urbana, levantando questões que envolvem alternativas convencionais e não-convencionais de macrodrenagem e finanças públicas. É necessário falar de custo, produção, logística, transporte alternativo e sustentabilidade para construir um país melhor. Pensando nisso, convidamos os palestrantes para discorrer sobre demandas urgentes de determinados locais, como o Vale do Paraíba com as enchentes, que podem ser resolvidas com a criação de parques alagáveis com controle de vazão e na abertura dos canais. O debate trouxe ainda exemplos de cidades inteligentes, como é o caso de São José dos Campos, primeiro município do País a receber o certificado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), e terminou com uma importante lição: o primeiro passo para tornar os serviços públicos efetivos e as cidades mais inteligentes é o amparo técnico dos profissionais.
A mobilidade está diretamente ligada ao desenvolvimento urbano, assunto que foi debatido na etapa de Adamantina. Profissionais presentes destacaram o quanto a área tecnológica pode e deve contribuir para uma gestão integrada que oferece uma melhor qualidade de vida. É interessante ver quanto um assunto puxa o outro. Não dá para falar de mobilidade e, principalmente, de desenvolvimento, sem se preocupar com a geração de emprego e renda, redução das desigualdades sociais, gestão de riscos, desastres e preservação ambiental.
A preservação ambiental ganha força em todo o mundo, gerando discussões sobre possíveis fontes de energia mais sustentáveis e econômicas. Pensando nisso, eficiência energética foi o tema de Ribeirão Preto. Com profissionais especializados na área tecnológica e com a presença de gestores públicos, o futuro energético do país e o desempenho das cadeias produtivas foram destaque. O mundo está buscando novas alternativas de produção e de consumo e, atualmente, temos cases de sucesso para mencionar, como é o caso do Programa Nacional do Álcool (ProÁlcool). As políticas públicas precisam ser pautadas, principalmente quando falamos de preservação, mas precisamos do engajamento de toda a classe.
Mogi Mirim chama a atenção pelo desempenho agropecuário, com uma produção que atrai investidores e profissionais, e foi por isso que a região mogiana foi escolhida para o penúltimo encontro. A característica local foi o gatilho necessário para falar sobre as demandas do agronegócio, trocar experiências com os participantes e mostrar que o Conselho ajuda na conexão entre grandes e pequenos produtores. O que muitos podem não saber é que a conectividade é um dos pontos-chave para a transformação do setor, com destaque para a Agricultura 5.0, que abrange conectividade e operação de máquinas por Inteligência Artificial (IA), e a utilização de Internet das Coisas (IoT) e rede de dados móveis como o 5G para a automação de maquinário e sensores, oferecendo benefícios ecológicos com menor impacto para o meio ambiente.
Como não podia ser diferente, a tecnologia foi apresentada como uma das chaves para a transformação das cidades, assunto que tomou conta do último fórum, realizado em São Paulo. A capital paulista, maior metrópole da América Latina, é o principal centro econômico do país. Em contrapartida, a região é deficitária em diversos aspectos e precisa de atenção com o alto índice de desemprego, violência, trânsito, poluição e outros exemplos que marcam a história da cidade. Para melhorar a qualidade de vida da população, gerar oportunidades para os profissionais e trabalhar para uma cidade melhor, é preciso focar nos problemas da raiz, como saneamento básico e moradia.
Em diversos locais do mundo, podemos contar com projetos eficientes e práticos, como foi exemplificado pelos convidados internacionais que marcaram presença na edição final do Fórum. Em Medellín, por exemplo, existe o Siata, um sistema que reúne todos os dados e informações climáticas da região para o planejamento da gestão de risco de qualidade do ar e poluição da cidade. Outras referências citadas foram as escadas rolantes nas comunidades e locais com acesso mais restrito, para facilitar a locomoção dos moradores e incentivar a transformação social e econômica na região.
Com todos os assuntos abordados, é evidente que o papel dos órgãos públicos e privados, entidades, universidades e, é claro, da população, estão entrelaçados e interconectados: não há mudança sem a participação de todos. As transformações acontecerão gradativamente ao colocar as pessoas no centro das decisões, valorizando e incentivando a participação de todos no processo de desenvolvimento das cidades.
*Lígia Mackey é engenheira civil e presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP)
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Jornalista com mais de 9 anos de experiência, estudou na faculdade ESACM, e trabalho no Jornal impressos O Democrata, com circulação na região de São Roque, interior de São Paulo, bem como trabalhou na televisão na REDETV em Osasco, sendo produtor do RedeTV News, trabalhou por um período no São Roque Notícias em 2011, e fundou o popular jornal Correio do Interior em 2016. Em 2020 tornou-se correspondente do Metrópoles no interior de São Paulo. Ainda em 2020 foi convidado pelo Google Brasil a participar do Google News Initiative (GNI) para aprimorar-se em boas práticas do jornalismo digital. Como jornalista é especialista em assuntos de vagas de trabalho, noticias locais e conteúdos de editoria regional e policial.