Uma matéria destaca nesta quinta-feira (09/10) do Jornal Folha de São Paulo, destacou na coluna Painel editada pelo jornalista por Fábio Zanin, que Eduardo Thomaz (PL), prefeito eleito em Mairinque, cidade vizinha a São Roque, interior de São Paulo, tem seu nome associado a atividades de um grupo de extrema direita chamado Ultra Defesa, que defende ideais alinhados ao neointegralismo, movimento com traços fascistas. A controvérsia ganhou destaque durante sua campanha eleitoral, com adversários explorando sua ligação com o grupo. Thomaz, que venceu as eleições com 54,58% dos votos, nega envolvimento com neonazismo e defende sua participação apenas em discussões políticas alinhadas à direita conservadora.
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Histórico de envolvimento com o Ultra Defesa
De acordo com informações obtidas, o Ultra Defesa mantinha um blog que defendia a “saudação romana”, gesto amplamente utilizado por fascistas italianos na Segunda Guerra Mundial e, posteriormente, pelos integralistas brasileiros. O grupo, que pregava valores como “Deus, Brasil e Família”, tinha como principal bandeira a preservação de valores nacionais e a oposição a causas como as cotas raciais e a legalização do aborto.
A página principal do blog, que já não é mais atualizada, continha críticas à Parada do Orgulho LGBTQIA+ e ao Partido dos Trabalhadores (PT). Também havia links direcionando para textos assinados por Thomaz, o que contribuiu para sua associação com o movimento.
Acusações de apologia ao neonazismo: Alguns usuários do blog Ultra Defesa utilizavam nomes de perfil e imagens com simbologia neonazista. Um dos perfis, por exemplo, era chamado “carecaWP”, em referência ao termo “white power” (poder branco). Outro usuário, “Deusdaguerra88”, fazia menção ao número 88, conhecido por ser um código neonazista ligado à saudação “Heil Hitler”. A Confederação Israelita do Brasil (Conib) confirmou que esses elementos são comumente utilizados em apologia ao neonazismo.
Apesar dessas ligações, Thomaz afirma que o Ultra Defesa nunca teve uma pauta neonazista e que sua participação no grupo foi limitada a discussões políticas sobre temas de direita. “O nazismo é um crime abominável”, afirmou, acrescentando que não há qualquer indício de envolvimento com atividades criminosas em sua ficha.
Repercussão e investigação acadêmica
Durante a campanha eleitoral, a ligação de Thomaz com o Ultra Defesa foi amplamente utilizada por seus oponentes para criticá-lo. Entretanto, Thomaz manteve o foco em sua gestão futura, afirmando que sua prioridade está na melhoria dos serviços públicos e no desenvolvimento de Mairinque. Vale destacar que o Jornal Correio do Interior destacou durante campanha o historio de todos candidatos, bem como de Eduardo Thomaz, que em transmissões ao vivo no Facebook, atacou o jornal e ao editor chefe do Correio do Interior – Igor Juan, por revelar fatos em torno de sua vida. Em uma das transmissões, o Eduardo chegou a chamar Igor de vagabundo.
***AJOR – Associação de Jornalismo Digital, organização nacionalmente respeitada, e que o Correio do Interior integra, repudiou o ato de Eduardo atacar o Correio do Interior, simplesmente por mostrar os fatos em torno de sua vida, cercada de polêmicas e problemas.
Especialistas confirmam que o Ultra Defesa pode ser classificado como um grupo de extrema direita com características neofascistas e neointegralistas. Segundo Odilon Caldeira Neto, professor de história contemporânea da UFJF e membro do Observatório da Extrema Direita, o grupo não segue um discurso explicitamente racial, o que o afasta de uma agenda neonazista, mas reforça sua ligação ao neofascismo, alinhado a ideais integralistas.
Participação em manifestações: Thomaz participou de manifestações organizadas pelo Ultra Defesa, incluindo uma em 2011 no vão do Museu de Arte de São Paulo (Masp), que resultou na prisão de pelo menos seis pessoas. O ato foi realizado em apoio ao então deputado Jair Bolsonaro, que na época enfrentava críticas por declarações dadas ao extinto programa CQC.
Além disso, durante o mandato de Bolsonaro como presidente, Thomaz organizou carreatas e motociatas em seu apoio, reafirmando seu posicionamento político conservador.
Conclusão: A ligação de Eduardo Thomaz com o Ultra Defesa levanta questões sobre suas crenças e associações políticas. Embora ele negue qualquer relação com neonazismo, a presença de símbolos e usuários ligados ao extremismo no blog do grupo adiciona complexidade à sua trajetória. A situação expõe o delicado equilíbrio entre a liberdade de participação política e o risco de associações com movimentos extremistas.
O que diz Eduardo Thomaz?
Em meio a toda essa situação destacada agora também pelo jornalista Fábio Zanin, além do Correio do Interior, Eduardo afirmou brevemente em entrevista a Folha que participou do movimento Ultra Defesa para contribuir com discussões políticas alinhadas ao campo conservador.
Como a ideologia de Eduardo pode afetar a questão política em Mairinque?
A vitória de Thomaz representa mais do que a escolha de um novo gestor para Mairinque; ela reflete uma mudança no cenário político da cidade. Mesmo com as polêmicas sobre suas possíveis ligações com movimentos de extrema direita, fascistas e neofascistas, uma parte significativa do eleitorado o escolheu como prefeito. Esse resultado pode indicar uma tendência de fortalecimento de ideias conservadoras e ultranacionalistas na região, ou, simplesmente, que os eleitores priorizaram outras questões como propostas de governo e a gestão pública.
Thomaz foi criticado ao longo da campanha por adversários que trouxeram à tona seu envolvimento com o Ultra Defesa, grupo conhecido por defender ideais integralistas, alinhados ao fascismo brasileiro. O grupo, embora não explicitamente neonazista, é acusado de manter laços com ideologias extremistas e promover ideias contrárias à diversidade racial, direitos LGBTQIA+ e políticas de inclusão.
O impacto das polêmicas em sua gestão futura
As controvérsias em torno de Eduardo Thomaz podem ter um impacto direto em sua gestão como prefeito de Mairinque. A sua proximidade com ideais de extrema direita, seja real ou percebida, pode afetar suas relações com diversas esferas da sociedade, especialmente com grupos progressistas, minorias e setores que promovem a diversidade e os direitos humanos. Além disso, a administração pública pode enfrentar desafios na obtenção de apoio de instituições estaduais e federais que priorizam a inclusão e a igualdade social.
Outro aspecto importante é como o novo prefeito irá lidar com a pressão da oposição e da mídia. Durante a campanha, Thomaz atacou veículos de comunicação locais que expuseram seu passado controverso, como o Correio do Interior. Essa atitude pode sugerir uma tendência a governar de maneira combativa, em vez de dialogar com setores críticos. No entanto, se Thomaz quiser ter uma gestão de sucesso, ele precisará equilibrar suas convicções políticas com as demandas por pluralidade, inclusão e transparência, que são fundamentais para o desenvolvimento de uma cidade.
A relação com o governo estadual e federal
Dependendo do alinhamento político do governo estadual e federal, Thomaz pode encontrar dificuldades ou facilidades para implementar políticas públicas em Mairinque. Se continuar promovendo discursos polarizadores ou ações que reflitam uma visão ultraconservadora, poderá isolar a cidade de parcerias com governos que adotam uma postura mais progressista. Por outro lado, caso consiga equilibrar suas convicções com a necessidade de governar para todos, sem distinção ideológica, sua gestão pode abrir portas para investimentos e parcerias importantes.
Consequências para a imagem de Mairinque
A imagem de Mairinque no cenário regional e nacional também pode ser afetada pela gestão de Thomaz. Cidades são muitas vezes associadas às personalidades de seus líderes, e a associação de Thomaz com ideais de extrema direita pode influenciar a maneira como Mairinque é percebida por fora. Isso pode gerar impactos na atração de investimentos, no turismo e até mesmo na convivência social interna.
Se a administração de Thomaz for marcada por polêmicas e políticas excludentes, a cidade pode enfrentar dificuldades para atrair negócios e se desenvolver. No entanto, se ele conseguir governar de forma inclusiva e pragmática, essas controvérsias podem se dissipar com o tempo.
Conclusão
A vitória de Eduardo Thomaz em Mairinque levanta questões importantes sobre o futuro político da cidade e os rumos de sua gestão. Enquanto as polêmicas em torno de seu envolvimento com o Ultra Defesa e movimentos de extrema direita não desaparecerão tão cedo, a maneira como Thomaz conduzirá sua administração será determinante para sua permanência no poder e sua capacidade de governar para todos os cidadãos. A tensão entre seus posicionamentos pessoais e as demandas por pluralidade e inclusão será um desafio constante em sua gestão.
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Jornalista com mais de 9 anos de experiência, estudou na faculdade ESACM, e trabalho no Jornal impressos O Democrata, com circulação na região de São Roque, interior de São Paulo, bem como trabalhou na televisão na REDETV em Osasco, sendo produtor do RedeTV News, trabalhou por um período no São Roque Notícias em 2011, e fundou o popular jornal Correio do Interior em 2016. Em 2020 tornou-se correspondente do Metrópoles no interior de São Paulo. Ainda em 2020 foi convidado pelo Google Brasil a participar do Google News Initiative (GNI) para aprimorar-se em boas práticas do jornalismo digital. Como jornalista é especialista em assuntos de vagas de trabalho, noticias locais e conteúdos de editoria regional e policial.