Jovem de Mairinque que amputou pênis por uso de cigarro eletrônico terá vida frágil. Entenda

Na última semana, o Jornal Correio do Interior destacou o caso de um jovem de Mairinque, de 16 anos, que sofreu sequelas no pulmão e teve que, tristemente, amputar o pênis devido a complicações de saúde causadas pelo uso frequente de cigarro eletrônico, os chamados vapes, popularmente conhecidos como “cigarros de pendrive” no Brasil.

A mãe do jovem, que falou brevemente ao Jornal Correio do Interior e pediu para ter sua identidade, bem como a do filho menor de idade, preservada, relatou nesta segunda-feira (13/01) ao Correio que ela e o filho vão passar por tratamento psicológico devido à maneira como tudo aconteceu ao descobrirem que ele teria que amputar o pênis.

“Meu filho não vai poder me dar um neto e vai ter diversos problemas por causa de um cigarro que, para muitos, é divertido por ter um cheirinho agradável e sabor. Agora ele está enfrentando as consequências de ter usado um veneno moderno, apesar de eu sempre ter alertado”, disse a mãe do jovem, que é filho único da gestora de comércio exterior.

O Jornal Correio do Interior já tinha conhecimento da situação desde o dia 28 de novembro, mas apenas na sexta-feira, 10 de janeiro de 2025, conseguiu contato com a mãe do jovem. Ela decidiu relatar o caso ao jornal, sem que sua identidade fosse exposta, com o objetivo de alertar outras pessoas, especialmente os jovens, a não usarem cigarros eletrônicos, facilmente encontrados em lojas populares e no comércio informal de Mairinque.

A mãe do jovem, a quem vamos chamar nesta matéria de Patrícia, contou que seu filho usava frequentemente cigarros eletrônicos desde o momento em que acordava até a hora de dormir, sendo raro vê-lo sem o dispositivo.

O jovem, que mora no Jardim Cruzeiro, utilizava cigarros eletrônicos de diferentes sabores e aromas e tinha até uma “coleção de modelos”. No entanto, ele começou a apresentar problemas de saúde no início de novembro, passou mal e precisou ser hospitalizado. Durante os exames, foram descobertos vários problemas, deixando sua saúde extremamente debilitada.

Daqui em diante, o jovem viverá com uma série de complicações e terá uma vida fragilizada. Além da amputação que sofreu, ele desenvolveu sequelas pulmonares, como a bronquiolite obliterante, também conhecida como “doença do pulmão de pipoca”. Essa condição é causada pela inalação de produtos químicos, como o diacetil, usado para aromatizar líquidos de vaporizadores. Essa substância provoca inflamação, cicatrização e estreitamento das vias aéreas, dificultando a passagem de ar.

Os riscos do uso de cigarro eletrônico segundo a OMS

Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que o uso de cigarros eletrônicos pode causar diversos problemas de saúde, como:

1. Problemas Respiratórios

• Bronquite crônica e irritação pulmonar: O vapor contém substâncias químicas irritantes, como propilenoglicol e glicerol, que podem inflamar as vias aéreas.
• EVALI (Lesão Pulmonar Associada ao Uso de Cigarro Eletrônico): Condição grave que causa inflamação severa nos pulmões, levando a dificuldades respiratórias, tosse e dor no peito.
• Asma: Pode agravar os sintomas em quem já sofre da doença.

2. Danos ao Sistema Cardiovascular

• Aumento da pressão arterial e frequência cardíaca: Causados pela nicotina presente no líquido dos dispositivos.
• Risco elevado de doenças cardíacas: Substâncias químicas podem danificar os vasos sanguíneos e aumentar a probabilidade de ataques cardíacos e derrames.

3. Dependência de Nicotina

• Vício: Muitos líquidos para cigarros eletrônicos contêm altas concentrações de nicotina, levando à dependência química.
• Porta de entrada para o cigarro convencional: Estudos mostram que jovens que usam cigarros eletrônicos têm maior probabilidade de começar a fumar cigarros tradicionais.

4. Problemas Neurológicos

• Alterações no desenvolvimento cerebral: Em adolescentes, a exposição à nicotina pode afetar áreas responsáveis por memória, aprendizado e controle de impulsos.
• Ansiedade e irritabilidade: Sintomas relacionados ao uso contínuo de nicotina.

5. Exposição a Substâncias Tóxicas

• Metais pesados: Como chumbo, níquel e cádmio, liberados pelo aquecimento dos dispositivos.
• Compostos orgânicos voláteis: Incluem substâncias cancerígenas, como formaldeído e acroleína.
• Diacetil: Associado à bronquiolite obliterante, uma condição que causa danos irreversíveis aos pulmões.

6. Problemas Bucais

• Irritação nas gengivas: Aumenta o risco de doenças periodontais.
• Danos ao esmalte dentário: O vapor pode enfraquecer os dentes, favorecendo cáries e erosão.

Conclusão

Embora os cigarros eletrônicos sejam considerados menos prejudiciais do que o cigarro convencional em alguns aspectos, eles ainda apresentam riscos significativos à saúde. Para quem deseja parar de fumar, há alternativas mais seguras, como terapias de reposição de nicotina ou acompanhamento médico.

Se você já utiliza ou está considerando o uso de cigarros eletrônicos, procure orientação médica para entender os riscos e adotar medidas para proteger sua saúde. A prevenção é sempre a melhor escolha.