O lançamento da moeda digital do Banco Central, que deve se juntar ao PIX, o Drex, promete abrir um novo capítulo para o setor varejista, com possibilidades de inovação em produtos e serviços, além de oportunidades de expansão de mercado no país e no exterior. Mas essa perspectiva vem acompanhada de desafios relacionados à infraestrutura, novos investimentos e preparação da força de trabalho.
Quais são as aplicações possíveis deste novo modelo de pagamento e como se preparar para essa nova era digital? A moeda digital poderá facilitar transações mais eficientes e seguras, reduzindo custos operacionais e eliminando intermediários. O varejo poderá oferecer novas modalidades de pagamento e financiamento diretamente aos consumidores.
Essa perspectiva é especialmente relevante quando se leva em conta os dados da pesquisa Mercado da Maioria, que indica uma demanda reprimida por crédito nas classes C, D e E. Segundo o estudo, 87% dos entrevistados aumentariam seu consumo se tivessem maior acesso a crédito.
O Drex poderia, portanto, ser uma ferramenta valiosa para captar esse potencial de mercado, oferecendo opções de crédito mais acessíveis e personalizadas.
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Redução de custo do crédito
A moeda digital do BC é capaz de transformar o modelo de financiamento do varejo ao permitir a tokenização de itens de baixo valor – é o processo de converter direitos sobre bens em um formato digital, criando marcadores (tokens) que representam essas propriedades de forma segura e verificável. Esses tokens podem então ser usados como garantia em transações de crédito, diminuindo os riscos e os custos associados ao financiamento.
Por exemplo, ao financiar um veículo, o bem serve como garantia do empréstimo, embora envolva custos adicionais como taxas jurídicas e cartoriais. No entanto, aplicar esses custos para garantia de itens de menor valor, como uma televisão, pode não ser viável. A tokenização, no entanto, permite que mesmo bens de menor valor sejam usados como garantia, facilitando a renegociação ou mesmo a recuperação do bem.
Além disso, a capacidade do Drex de autenticar dispositivos e transações se estende à integração da Internet das Coisas (IoT) no varejo. Um exemplo claro é a gestão automatizada de compras domésticas por assistentes inteligentes, como a Alexa. É uma automação que requer autenticação precisa para confirmar que as ações são aprovadas pelo usuário correto e evitar erros, como pedidos feitos acidentalmente por crianças. Essa é uma das várias soluções práticas que o Drex oferece, ampliando a segurança e a eficiência nas operações de varejo digital.
Pagamentos internacionais mais fáceis
Ao utilizar o conceito de criptomoeda, o Drex promete simplificar operações de pagamento internacionais, reduzindo a dependência de acordos complexos entre bancos centrais. Com protocolos mais ágeis e descentralizados, o Drex poderá facilitar o câmbio e as transações, beneficiando principalmente os marketplaces que importam ou exportam produtos. Isso poderá acelerar pagamentos, diminuir custos e expandir o acesso a mercados internacionais, transformando profundamente o varejo eletrônico.
Serviços inovadores com smart contracts
Os contratos inteligentes representam uma das inovações mais promissoras associadas ao Drex. Eles permitem a automação de transações e a execução de contratos com garantias digitais, reduzindo a necessidade de intermediários e aumentando a confiança nas operações on-line.
É o caso dos programas de fidelidade. Por exemplo, é possível configurar um contrato inteligente para estabelecer que, se o cliente realizar cinco compras, ele automaticamente recebe um cashback ou um desconto especial. Esse processo é totalmente automatizado: o sistema verifica e cumpre as condições sem intervenção humana.
Também é possível criar ofertas personalizadas baseadas no comportamento do cliente. Por exemplo, se ele costuma comprar produtos específicos, o sistema pode oferecer automaticamente promoções personalizadas para esses itens ou liberar valores especiais de desconto para incentivar compras futuras.
Esse tipo de automação também se estende a garantias e liberações condicionais de pagamento. Se um produto requer confirmação de entrega, o pagamento pode ser retido até que o cliente confirme que o produto chegou conforme especificado. Isso aumenta a confiança do consumidor em transações on-line, especialmente em compras de valor mais alto.
Da mesma forma, é possível criar contratos associados a um plano de financiamento de 12 meses que dispense o pagamento da última parcela se as anteriores tiverem sido pagas em dia. Ainda, é possível agregar serviços às compras do consumidor. Por exemplo, a aquisição de três itens eletrônicos em um mês pode acionar a oferta de um seguro gratuito para esses produtos.
Tudo isso contribui para melhorar a experiência do cliente, resultando em maior lealdade e satisfação – uma poderosa ferramenta para os varejistas modernizarem suas operações, reduzirem custos e melhorarem seus serviços.
Esse aspecto se torna ainda mais relevante diante das mudanças nas expectativas dos consumidores, especialmente nas classes C, D e E, que, segundo a pesquisa Mercado da Maioria, estão cada vez mais valorizando a experiência de compra e a praticidade. A pesquisa revela que 92% dos entrevistados preferem marcas e lojas que proporcionem uma experiência de compra agradável, e 44% estão dispostos a pagar mais por isso.
Preparação do varejo para o futuro
O mercado só começará a entender plenamente as aplicações do Drex e começar a criar soluções baseadas na nova moeda digital a partir de 2025. A expectativa, no entanto, é que só em 2026 o uso do Drex se torne mais relevante e comum. As empresas devem encarar esse período como uma janela crítica de adaptação. Para capitalizar as oportunidades oferecidas, os varejistas precisam começar a se preparar agora. Isso inclui:
- Definir uma estratégia para serviços financeiros: antes de se capacitar em novas tecnologias, é fundamental que as empresas do varejo estabeleçam uma estratégia clara para a oferta de serviços financeiros. Isso envolve compreender as necessidades financeiras dos seus clientes e como os serviços podem ser integrados às operações de varejo para agregar valor.
- Investir em tecnologia e formação de equipes: desenvolver capacidades internas para entender e implementar soluções baseadas em blockchain e pensar em como integrá-la nas operações diárias do varejo. Esse aprendizado e adaptação tecnológica exigirão tempo e investimento, o que reforça a necessidade de começar essa preparação o quanto antes.
- Adotar uma cultura de inovação: integrar práticas que encorajem a experimentação e a adoção de novas tecnologias.
- Estabelecer parcerias estratégicas: colaborar com fintechs e startups tecnológicas para ter acesso a inovações disruptivas e adaptá-las às necessidades do varejo.
- Fortalecer a infraestrutura: a transição para um sistema baseado em moeda digital exige robusta infraestrutura tecnológica. As empresas do varejo precisarão investir em sistemas de TI avançados e seguros para gerenciar as transações digitais e proteger contra fraudes e ataques cibernéticos. É um desafio que requer não apenas investimentos financeiros, mas também a adoção de uma cultura organizacional que priorize a segurança digital.
Com planejamento e estratégias adequadas, o varejo pode transformar os desafios dessa adaptação em oportunidades, oferecendo melhores serviços e produtos enquanto expande seu mercado de forma significativa.
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Jornalista com mais de 9 anos de experiência, estudou na faculdade ESACM, e trabalho no Jornal impressos O Democrata, com circulação na região de São Roque, interior de São Paulo, bem como trabalhou na televisão na REDETV em Osasco, sendo produtor do RedeTV News, trabalhou por um período no São Roque Notícias em 2011, e fundou o popular jornal Correio do Interior em 2016. Em 2020 tornou-se correspondente do Metrópoles no interior de São Paulo. Ainda em 2020 foi convidado pelo Google Brasil a participar do Google News Initiative (GNI) para aprimorar-se em boas práticas do jornalismo digital. Como jornalista é especialista em assuntos de vagas de trabalho, noticias locais e conteúdos de editoria regional e policial.